Prólogo


Impressões sobre os Graffits

Tudo começou quando conheci dois amigos, um casal de Nova Iorque que passava por acaso num posto de gasolina ao lado do meu trabalho. Eu estava em meu horário de café na Loja de Conveniência e eles tentavam se comunicar com a atendente do café. Vi que estavam em apuros por não falarem o português então ofereci ajuda. Trocamos algumas palavras em inglês e me pediram indicações de lugares para comer em São Paulo, estavam chegando naquele momento na cidade e iriam ficar apenas até as 7 hrs do dia seguinte, então queriam ao menos conhecer o melhor que pudessem da cidade. Tentei explicar o caminho para Av. Paulista mas percebi que não chegariam tão fácil foi quando propus que me aguardassem terminar o trabalho que assim os acompanharia até o local. Foram de extrema gentileza e confiança, qualidades de pessoas do bem, me convidaram para jantar, não me deixaram pagar nada e à partir dali se iniciou uma relação de amizade. Ele, fotógrafo e DJ; ela, modelo, ambos lindos e especiais. Jantamos num lugar bacana, conversamos e nos divertimos muito, saímos para dançar, e ofereci minha casa para que dormissem as poucas horas que restavam até o embarque pra NY, fui dirigindo para mostrar-lhes o caminho de carro até a entrada do Aeroporto. Passeamos por São Paulo de carro e nesse tempo percebi que ele fotografava os grafites das ruas. Disse que estava gostando muito do que via então fui com eles até o túnel da Av. Paulista com Consolação, onde tem uma série de grafites fantástica. Padaria 24hs, coisinhas para o café-da-manhã e algumas horas de um sono bem dormido. Levantaram, preparei a mesa com o café, e sairam em direção ao aeroporto.
Depois disso a atenção para os desenhos espalhados pelas ruas da cidade me instigou. Por onde passava via um grafite e parava para observá-lo. Percebi que nunca tinha dado atenção para uma coisa que está aí para todos verem. Os grafites me passam muitas mensagens, muitas sensações, como se o tempo todo estivesse dentro de uma galeria de arte ou numa exposição de artistas famosos num museu qualquer. São fortes, expressivos, diretos em suas mensagens, coloridos, realistas, de qualidade, me faz viajar num mundo de sonhos e deparar com a realidade em que vivo, porém sem destruir minhas vontades, pelo contrário, eles me fazem querer melhorar o mundo.
Vito disse naquela noite "gostaria de ter tido tempo para conhecer melhor esses grafites por que são maravilhosos", e aquilo ficou na minha cabeça. O que me fez querer sair pela cidade para curtir algo que nunca tinha dado atenção. Somada à essa maravilhosa descoberta do mundo da arte de rua, me veio a vontade de registrar os grafites que ele não teve tempo de conhecer, escrever poemas sobre as impressões que tive enquanto fotografáva-os e presenteá-lo em seu aniversário deste ano. Eles haviam me convidado para passar uns dias em NY e aproveitar a festa de aniversário dele. Não pude ir porém quis enviar-lhe um presente especial.
Portanto, este trabalho é, primeiramente, fruto de um sentimento muito rico de carinho e amizade, de como podemos ser  bons e receptivos com as pessoas, mesmo que inicialmente desconhecidas; também resultado das minhas impressões, como artista, de uma Arte bela que é feita nas ruas de São Paulo e tão pouco valorizada e reconhecida. Registro aqui meus parabéns a todos os grafiteiros que marcam a cidade com sua arte, e peço que se virem de alguma forma meus poemas e fotos de seus trabalhos sem o respectivo crédito e citação de seus nomes, por favor, entrem em contato para que possa fazê-lo. É um registro sem fins lucrativos.

Juliano Hollivier - 10 de Julho de 2010